terça-feira, 5 de junho de 2012

De raiz !

Galeria La Fayette - Paris.

A Europa não está passando apenas por uma crise econômica, mas também por uma crise de identidade. Quisera eu ser a autora dessa afirmação tão preciosa! A verdade é que ouvi a impactante frase de uma economista italiana em uma entrevista para a maior emissora local e, insistentemente, ela não saiu da minha cabeça. Aliás, ela resumiu com maestria o ‘por que’ de a etnia ser uma das tendências-chave do verão europeu. A descrença no ‘modelo europeu’ e a ascensão econômica de países cheios de excentricidades (como o nosso) pilhou os designers a viajarem (literalmente) até esses locais de cultura rica e colorida. Marc Jacobs passou por aqui mês passado acompanhado do namorado, lembram? 

Dolce & Gabbana.

Galeria La Fayette - Paris.

Galeria La Fayette - Paris.

Prada.

Missoni.

Multimarcas em Pescara.

Índia, China, Japão, África, Brasil e outros países latinos foram os responsáveis pela animação na roupa e, consequentemente, no estado de espírito dessa Europa murcha, murcha. As padronagens étnicas - e suas misturas - são as principais responsáveis pela vitalidade nas vitrines e nas araras das grandes lojas. De fato, é quente e contagiante! Consequentemente, o mix de estampas se confirmou como o truque de styling número um por lá. A boa notícia é que misturar esses motivos de raiz não é mais motivo para desespero entre os simples mortais que acham tal aventura um risco para a estética, exatamente porque esse mix acontece tão naturalmente quando a natureza dessas culturas. A má: não é mais opção, é obrigação! 

Prada - Galeria La Fayette - Paris.


Galeria La Fayette - Paris.

Izabel Marrant.

As estampas geométricas africanas, as navajos indígenas e as coloridas e ricas indianas se confundem em um mar tropical de folhagens. (Essa outra vertente da estamparia inspirada na ilha paradisíaca, mais ligada à água do que a terra, a gente fala amanhã). Por enquanto, vamos nos ater a pluralidade dessas culturas, que trouxeram, além das estampas, as técnicas têxteis artesanais. O tricot, que vai te aquecer contra a brisa do final da tarde, tem trama tipicamente arraigada à cultura de cada país. Bom exemplo é a nossa renda e crochê típicos do nordeste! As bijoux, feitas de miçangas e balangandãs com vida, também são extraídas do universo natural desses povos. O maxi colar – que continua – se não é barroco, é artesanal. O couro, o chamois e todo tipo de tecido conectado com o mundo animal/natural sobrevivem mais do que nunca, assim como essas culturas. Cor quente de pôr do sol na África e toques de neon oriundos das frutas cítricas. Aliás, se antes era a banana da Prada e o abacaxi de Stella, agora, a bola da vez é a pimenta da Dolce. As flores abandonam o lado do doce liberty e florescem para valer: grandes, coloridos e até cafonas, como o girassol de Miuccia.



É tudo de e da raiz: autêntico, verdadeiro e calliente. Pelo menos nós, brasileiros, estamos em casa!

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