Sim, deve haver uma logística ferrenha dentro das marcas que
vendem roupas a baixo preço, em larga quantidade e na velocidade da luz! Isso é
fato. Por trás dessa receita de sucesso, é inevitável que haja uma mão-de-obra
barata e abundante, até porque, o termo no qual estamos lidando aqui é ‘fast
fashion’: roupa pronta para ser consumida assim que as tendências saem das
passarelas. Basta olharmos as etiquetinhas internas de qualquer peça da Zara:
made in China, Taiwan, Singapura. E porque não Brasil? Calma gente, ainda somos
um país em desenvolvimento e com fortes dificuldades de importação, por isso,
produzir aqui é mais que natural! Bom, são nesses países emergentes e com baixo
custo de produção que as principais confecções e fornecedores se instalam - já
que essa ‘receita’ é exigência para que o preço final seja aquele do tipo ‘tentador’
dos quais nós conhecemos muito bem. Produz-se barato para se vender barato (claro
que sempre em comparação aos mercados de luxo). A idéia é um luxo palpável,
moda globalizada consumível (acabei de inventar essa palavra!). Nessa atmosfera
voraz e dinâmica, alguém aí tem alguma dúvida de que esses trabalhadores
exercem o seu trabalho em situações precárias, quase que em ‘semi-escravidão’?
Alguém ainda achou que isso não acontecia por aqui no Brasil? Alguém acha que
só a Zara trabalha dessa maneira? Balde de água fria!
O tema é complicado e polêmico, e longe de mim, querer
defender ou até mesmo justificar a posição da Inditex (empresa responsável pelo
grupo Zara). Mas a realidade é que muitas vezes as empresas contratantes não têm
conhecimento do que se passa nas confecções terceirizadas. Porque elas são realmente
terceirizadas! Ou então, como seria possível uma empresa da grandeza da Zara
controlar toda a sua produção? Inviabilidades a parte, é assim que acontece. E
foi o que alegou a empresa em nota, disse não ter conhecimento das tais condições
‘semi-escravas’ de trabalho no cafofo em SP e enfatizou que já tomou
providencias junto à confecção em questão. Não tira a responsabilidade da Zara,
que como maior rede de fast fashion do mundo, não pode se ausentar de suas
responsabilidades sociais. Não pode ser fachada!
Mas a verdade precisa ser dita, e é o que eu venho tentando
fazer a quatro meses desde a criação do blog. Venho tentando legitimar a moda
como uma indústria (por mais decepcionante que isso seja), que gera bilhões e
que se enquadra dentro dos consumos necessário e desnecessário também. Tal dimensão
só aumentou a importância econômica da industria têxtil e do varejo de moda. E
o que é obvio, é que como qualquer capitalismo desenfreado, a moda também
carrega com ela manchas feias. Oriunda de um capitalismo selvagem - e se é
selvagem, não há condição humana de trabalho – é assim que é na indústria da
moda.
Se assim é, assim será. Não se choquem, esse é só mais um
capítulo feio de uma novela que se arrasta há tempos, mas que felizmente chegou
ao alcance de todos os telespectadores. Com pé no chão, vamos esperar as cenas
do próximo capítulo. Enquanto isso, ficamos com a vídeo teaser da nova campanha
de inverno 2012 da Zara jovem TRF. Esse sim, um capítulo bonito!
É isso mesmo, oras. A Zara só teve a falta de sorte de ser o alvo do "escândalo" dessa vez. E esse povo não tem noção do que rola por trás da cortina, né Carol!
ResponderExcluirMas esse sensacionalismo que gera a comoção geral da sociedade é ótimo, porque aí tem que se dar um jeitinho de corrigir, e todas as outras marcas que tem "teto de vidro" abrem logo o olho e repensam certas atitudes.