Reinaldo Lourenço : inspirado em Notre Dame, o inverno do
estilista é gótico como a arquitetura da catedral e chique como Paris. Aquele
olhar misterioso que envolve o monumento, muito pelas esculturas das gárgulas e
santos, estava explícito no desfile negro interpretado por Reinaldo. A coleção
foi pontuada por duas vertendes: peças bem construídas, arquitetônicas,
recortadas e com silhueta ajustada ao corpo e outra mais fluída, sensual e
curvilínea. Fiel ao tema, o shape só podia ser esse, já que a estética gótica
abrange o verticalismo e curvas quebradas.
Na outra metade do desfile, estampas inspiradas nos lindos vitrais da
Catedral iluminaram e suavizaram o desfile. Capuzes e formas lânguidas lembravam
a indumentária das freiras, essas, porém nada santas: transparência, couro,
veludo, pele fake e vinil arremataram essas produções com uma boa dose de sex
appeal e, até mesmo, sadomasoquismo (metaleiro clean!). Golas padres e altas –
super comportadas – contrastaram com decotes profundos e com essa atitude
sensual vermelha e preta, super incorporada nas modelos e nas peças que elas
vestiam. Sombrio e instigante!
Ellus: Fetichista e rocker, a coleção inverno 2012 da marca
usou e abusou do couro e dos looks total blacks. Resultado: mais Ellus
impossível! Por outro lado, boas
surpresas tentadoras, como a mistura de tecidos texturizados e de propostas
contrastante (como a renda e o próprio couro metalizado), metais bronzeados nos
beneficiamentos, cores vibrantes e cintos-armaduras. O toque feminino, em meio a
tantas referências heavy-metal, ficou por conta dos babados localizados na
cintura, aquela tendência já anunciada dos Peplums – mas na Ellus esses são
power! Peles sofisticadas arremataram os looks mulher-gato - no couro preto,
vermelho, laranja desbotado e até pêssego. O bordado de paetês retangulares e
abundantes e os tecidos mais fluídos de poucos e bons looks também funcionaram.
Comprimento mini, fendas, transparência, e muita, mas muita atitude cool!
Mario Queiroz: o decorativismo, tendência-chave do inverno
2012, traçou a coleção da marca nessa estação. Misturas abundantes de tecidos
imponentes, de beneficiamentos, estampas, motivos e texturas, resultaram
naquela estética rica e sofisticada familiar ao tema. Em compensação, o shape é
bem Mario: alfaiataria bem resolvida e construída, porém, com nuances
interessantes de peças urbanas. A mistura do clássico e do moderno foi vista em
blazers X jaquetas perfecto,pela
cartela, ora dramática, ora real, e nas saias usadas com sobreposição de calças. Aliás, muitas sopreposições apareceram, nas mais interessantes, uma montanha de peças com aspecto vintage formatavam looks meio grunges. P&B, mesclas, azul violeta, laranja e
metalizados estavam lá, assim como os bordados localizados e as estampas
geométricas,inspiradas no modernismo.
Huis Clos: a contemporaneidade a Huis Clos não perde a direção,
não importa a estação. Nesse inverno, ela estava lá na predominância dos tons
urbanos de mescla e no minimalismo comedido dos shapes, ainda sim, elaborados. Na
marca, o menos, definitivamente, é mais. E nem por isso, o que se parece
simples, o é. A limpeza de formas, a alfaiataria bem acabada e a brincadeira
entre malha e tecido plano, desafiam com inteligência a nossa percepção. O
romantismo perfumou a coleção com tons pastéis, rendinhas e cintura marcada por
finos cintos. Tecidos molengas e pesados, como o veludo molhado e as malhas grossas
,como o moletom, se alternaram em estrutura e desestrutura. Tudo bem comedido!
Os ombros arredondados, forte tendência, é a cara da cliente Huis Clos, não à
toa, ele super apareceu. Efeito envelope, zípers, recortes e estética proposital
dos tecidos inacabados, somaram, ainda mais, independência a essa mulher. Ah! A
inspiração veio das lingeries vintage – chique e feminino.
Samuel Cirnansck : o inverno do estilista inspirado em peles
e jóias - super-desejos femininos - foi, obviamente, decorado. Bordados de
pedrarias reluzentes e os efeitos texturizados dos tecidos nobres garantiram
certa dramaticidade à coleção, que além desses, abordou muito volume. Era tudo
máxi: brilho, babados, plumas, transparência.
A estética pomposa, até meio cinematográfica,
só confirmou o talento do estilista para vestidos de festa, se não, de baile.
Cisnei negro é pouco para Samuel! A cartela black and white e dourado, apesar de
simplificada, era riquíssima, exatamente pela abundância de elementos decorativos.
A seda tinha efeito de pele real, e foi criada especialmente para essa coleção.
Além desse, todos os outros mini detalhes, juntos, fizeram a diferença no visual
feminino e sofisticado da coleção. Feminilidade é a palavra nesse inverno: sensual, justo ao corpo e revelador, a silhueta vestiu verdadeiras sereias.
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